I
Um dia, meu celular toca e o seguinte diálogo se dá:
Eu: - Alô.
Mulher: - Quem é você?
Eu (ainda tentando ser educada): - Para quem você ligou?
Mulher: - Você conhece o Jorge?
Eu (pensando, “quem é Jorge?”): - Não conheço nenhum Jorge.
Mulher: - É que o seu número estava aqui no celular dele...
Eu: - Pode ter sido algum engano...
Mulher: - Não há engano nenhum!
Eu: -...
Mulher: - Escuta o que eu vou lhe dizer: fica longe do Jorge! Fica longe do meu marido!
Eu (agora com raiva mesmo): - Senhora, eu não conheço o seu marido, nem tenho interesse em nenhum homem casado!
Mulher: - Isso é o que todas dizem.
E bate o telefone na minha cara. Pelo menos nunca mais recebi ligações da louca. Acho que o tal de Jorge deve ter aprendido a se comportar.
II
Andando pelo centro de Barcelona, se aproxima de mim um efusivo grupo de gays rechonchudos. Um deles, provavelmente tentando me provocar, vira para mim e grita:
- ¡QUEREMOS POLLA!
No que eu respondo:
- ¡Yo también!
E eles caem na gargalhada, enquanto eu desço as escadas para pegar o metrô.
III
Voltando para casa do meu ex-trabalho, num domingo, quase ninguém na rua, me deparo com um senhor estranho, porém simpático, a quem eu jamais havia visto antes na minha vida. Ele me para e diz:
Señor: - Oi! Você quer pão?
Eu (surpresa): - Não, obrigada.
Señor: - É porque eu tenho sobrando.
Eu (tentando dialogar racionalmente com o doido): Mas é que eu já tenho pão em casa...
Señor: - Então leva para os seus amigos.
Eu: - Mas é que eles também já têm pão...
O senhor faz uma cara de triste, como que chateado porque não pôde repartir seu pão.
Eu: - Mas muito obrigada!
E vou embora!
***
Realmente, às vezes a vida é mais estranha que a ficção. Mas o bom é que depois eu rio relembrando desses acontecimentos pitorescos!